Então resolvi escrever!
Escrevo porque assim me sinto! Sinto que novamente no meu caminhar na ânsia de me sentir amada, não soube novamente dizer Não!
E se não falo talvez seja na esperança de que eu seja amada novamente! Que voltem a me ver com olhos que me encantaram… pq eu mesmo de mim não consigo me encantar-me!
Escrevo pq na minha escrita solitária possa então assim me ver, sentir ser o que sou!
Sentir ser o que fui mas agora já não me cabe mais!
Fui esperança, de me aventurar e construir tão amizades sinceras, e sempre como vítima me fiz, na tentativa de fazer-me aceita!
Aceita? Como? Se eu nem mesmo não aceito o fato de não ser aceita…E então eu me perdoou! Perdoou por entender que tão ser humano quanto eu são os outros, e na tentativa de me aceitar, de se aceitar as vezes contamos mentiras audíveis aos nossos próprios ouvidos!
Amparada por divagações de minha querida Clarice, entendo que a verdade não pode ser possuída, e que a minha visão da verdade é tão somente minha!
E então me permito que o nó na garganta das mágoas que engoli pra não dizer tão somente a verdade que é minha, que ele possa sair num choro sentido de uma criança que não foi amada, como achava que deveria! Então suplico a Deus, daí-me a clareza para não revivê-la !
Como posso amá-la se não a conheço? Minto!
Conheço-a!
E por conhecê-la entendo-a, o porque da fuga que lhe trouxe até aqui!
Lispector cutuca minha alma! Devo dizer e correr o risco de sentir ridícula? Devo defendê-la? Devo fingir uma transcendência a qual em minha humanidade não possuo? Ou devo permitir me falar e falar, dizer e ser ouvida!?
Acho que é hora de dizer! Reagir para me sentir em paz! Dizer minha verdade, falar o que penso! Aceitar a possibilidade de não ser aceita!
Aceita! Aceito!
Os julgamentos sobre minha vida me machucaram, não por concordar, mas por querer que assim não fosse, por querer que tão somente fosse do meu jeito! Sinto que tenho que dizer, não sei se é o jeito certo de ser! Deixar de dizer por supor um afeto que se poderia ter!
Não, então digo e parto!
Parto pra mim, parto ! Renasço! Livre daquilo que engoli !
E então me vejo! Me sinto! Me acolho e me amo, aceitando os meus opostos e contradições! Sendo agora somente eu, meus silêncios e gritos!
